SOLUÇÃO DE PANES SOB ESTRESSE

SOLUÇÃO DE PANES SOB ESTRESSE

SOLUÇÃO DE PANES SOB ESTRESSE

Quero comentar aqui um assunto, em tom de alerta, principalmente para aqueles descrentes ou irredutíveis com relação as suas posições sobre, como lidar com o estresse durante os confrontos policiais.
Meu comentário não é na intenção de criticar qualquer situação real que alguns colegas viveram recentemente (salvo como estudo de casos), mas sim fazer destaque a uma posição, por demais preocupante manifestada por diversos comentários, entre os mais de cem que li. Isso me deixou muito preocupado. Vários policiais afirmaram: “é impossível durante um tiroteio sanar uma pane” , “não acredito em sanar pane durante um tiroteio, isso até soa meio holyudiano”, “impossível sanar pane com alguém atirando em ti” e por ai vai.
As panes são muito comuns em pistolas. Saná-las faz parte do domínio do equipamento. Capacidade que qualquer policial deve ter com seu principal equipamento de trabalho. Isso pode até soar como imposição, mas não há outra forma de interpretá-la.
Temos que ter consciência de que o equipamento que usamos tem suas limitações, por este motivo, não há outra escolha, se não, adaptar-se a ele.
O condicionamento mental para lidar com situações de estresse, onde se tenha que desenvolver movimentos de motricidade fina é essencial em situações como esta. Somente o treinamento pode dar ao operador tal condicionamento. A repetição destes movimentos a exaustão é a única forma de criarmos uma memória muscular e por fim uma ação intuitiva. Qualquer ser humano que se proponha a tal façanha poderá alcançar este estágio, desde que tenha persistência. Perseverança esta que deveria estar intrínseca em qualquer ser humano que saiba que disso depende sua vida. O voltar para casa.
Dizer que é impossível realizar esta ação sob estresse é no mínimo não acreditar em si mesmo e principalmente estar brincando com sua própria vida. O que este agente que acredita ser impossível realizar esta ação - sob estresse – fará, quando se deparar com uma situação desta? Dará as costas e sairá correndo? Será tomado pela síndrome do avestruz? Ou simplesmente morrerá como uma ovelha? 
Usar uma segunda arma pode ser a solução, mas não esqueça que sua segunda arma é da mesma marca da primeira.
Portanto, treinar é a solução.
Se você já treinou e mesmo assim ainda não consegue fazer este movimento sob estresse, das duas uma, ou treinou pouco, ou treinou errado.
Isso não é em um ou dois cursos que tu vais pegar este domínio. O treinamento policial tem que ser contínuo e exaustivo. Por isso que sigo muito o lema dos americanos “treine, treine e treine. Quando achares que esta bom. Treine novamente” 
Tiramos como exemplo os operadores de grupos táticos, pergunte a eles se este movimento é possível. 
Finalmente deixo aqui um questionamento, como estudo de casos. Aproveitando o caso ocorrido com os colegas, em Alvorada. Foi afirmado que graças a ação do colega Gabriel, o qual revidou imediatamente o fogo acabou por salvar a vida do grupo. Conheço o Gabriel e já o vi treinando e atirando. Só tenho elogios. “Imaginem se a pane ocorrida na arma dele fosse no primeiro tiro” , como estariam todos agora??? A resposta seria – estariam bem porque o Gabriel treina e conseguiria sanar a pane.

Autor: Marcos Vinicius Souza de Souza. Especialista, Policial Civil/RS. Fundador e Instrutor do CTTE



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