O ESTRESSE E O POLICIAL

O ESTRESSE E O POLICIAL

O ESTRESSE E O POLICIAL

 

          Estudado pela psiquiatria e pela psicologia no Brasil, o Transtorno por Estresse Pós–Traumático, mais conhecido popularmente como “Estresse”, é o responsável por um incalculável numero de vitimas, um mal que corrói a saúde mental do ser humano, tirando-lhe até mesmo o prazer de viver.

          Muito estudado por americanos devido às conseqüências causadas aos combatentes de guerras, passou a ser estudados por especialistas em casos de violência urbana, como assaltos a mão armada, seqüestros, tiroteios e estupros. Suas conseqüências são devastadoras e podem traduzir-se em insônia, sudorese, batimentos cardíacos acelerados, lembrança repetida das experiências traumática vivida, depressão levando ao alcoolismo, diarréia, dores constantes de cabeça, tremores e temor constante – transformado em neurose – da repetição do(s) evento(s) traumático(s). Estas conseqüências podem levar ao comprometimento das relações sociais e a degradação da vida profissional do ser humano.

          Sendo considerado por especialistas como a única psicopatologia cujo agente causador é um fato extraindivíduo, ou seja, ocorre quando o ser humano vivência um fato que esta fora de seu cotidiano. Esse incide em quatro instâncias do organismo humano: cognitiva, comportamental, afetiva e fisiológica. O indivíduo quando atingido por eventos violentos ou de autoimpacto emocional, tem sua memória, suas impressões e pensamentos abalados. Estes efeitos podem ser traumáticos e muitas vezes irreversíveis devido ao trauma sofrido.

          Os profissionais da segurança pública estão em constante exposição a todos estes males - todo o tipo de tragédia e desgraça – cada vez mais freqüentes nos grandes centros urbanos. Com a exposição ininterrupta a fatos violentos estes profissionais estão sujeitos a incidência de grandes desvios comportamentais, tais como: ações de esquiva (espécie de bloqueio mental. Pode ocorrer incapacidade de recordar trechos dos acontecimentos, perda do interesse por ações antes cotidianas, sensações de distanciamento nas relações pessoais e sentimento de abreviação do futuro, com redução do planejamento intimo quanto a casamento, filhos e ambições profissionais), dificuldades de afetuosidade, depressão, ansiedade e distúrbios do sono. Todos estes sintomas dificilmente são percebidos ou admitidos pelo policial que os enfrenta, muitas vezes sem o auxilio de um profissional da psicologia ou da psiquiatria.

          A profissão do policial é altamente estressante, pois é um profissional que além de estar constantemente exposto a situações de grande impacto emocional, vive uma incessante fiscalização da sociedade, da família, de seus superiores, da imprensa e principalmente das cobranças pessoais. Todas estas tensões somadas a constantes descargas de adrenalina despejadas no organismo, originadas por momentos vividos durante o desempenho de suas funções, podem causar-lhe seqüelas profundas que poderão se manifestar através de derrames, ataques cardíacos, depressão e à ansiedade. O policial por muitas vezes tem consciência que se encontra envolto em um quadro depressivo, mas tem vergonha de admitir. A depressão é um quadro freqüente entre policiais, nenhuma outra profissão é tão vulnerável aos traumas do dia-a-dia como a de policial. Nenhum outro profissional é pago - muito mal pago – para exercer uma profissão tão estressante. Esse profissional sempre estará pronto para resolver os problemas da sociedade, mas na maioria das vezes não conseguirá resolver os seus próprios problemas. 

          Apesar desta convivência com as perturbações advindas da violência urbana, podem os sintomas de estresse não se manifestar imediatamente em determinados policiais. As lembranças constantes de situações traumáticas vividas, bem como, o temor de sua reincidência, poderão originar uma neurose constante e uma super vigilância na mente do policial, criando uma espécie de defesa metal  pelo temor de nova ocorrência do fato traumático. Conseqüentemente pode o policial, entrar em um surto estressivo, que talvez possa ser superado individualmente. Apesar de que em alguns casos se faz necessário à ajuda de um especialista. O temor e a reincidência de imagens e lembranças podem ser considerados naturais, pois os meios de reação variam de acordo com a personalidade de cada um.

          Um dos outros problemas enfrentados pelo policial, que vem em decorrência do estresse, é o alcoolismo, este muitas vezes não encarado por este profissional como uma doença que necessita de tratamento. As conseqüências podem intervir e comprometer seu desempenho profissional, bem como seu relacionamento social, degradando a sua qualidade de vida.

Texto extraido do livro MANUAL DE TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS POLICIAIS - Autor: Marcos Vinicius Souza de Souza - Fundador do CTTE - Policial Civil/RS



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